sexta-feira, 20 de março de 2020

Ewé akòko



Akòko- A folha do Reconhecimento

É uma folha associada a realeza daí ser chamada de "a folha dos reis".

Muito utilizada em ebós para obter um título honorífico ou para que ouçam nossas opiniões.

“Ewé njé Oògún njé Oògún tikò jé Ewé re í kò pé” “As folhas funcionam. Os remédios funcionam. Remédio que não funciona é que tem folha faltando"”.

O Akòko é uma das folhas preferidas, sendo que costuma ser associada sempre a prosperidade, tanto de dinheiro (owo) como de filhos (omo). Essa árvore não é uma espécie nativa do Brasil, sendo introduzida aqui pelos africanos, onde se adaptou perfeitamente.

Entre os iorubas, é considerada um sinal de prosperidade, pois seus troncos eram muito empregados nas feiras, locais onde o comércio era intenso. Era comum que, após serem utilizadas como estacas seus troncos brotassem, gerando novas árvores. Dentro das casas de Candomblé Ketu costuma estar associada principalmente a Ogun e Ossayin, embora na verdade costume ser empregada para todos os orixás.

Já no culto Egúngun, o akòko desempenha um papel fundamental na união dos seres do Ayé (mundo dos vivos) e Orun (mundo dos espíritos). Seu tronco, que geralmente não é muito ramificado, lembra um grande opó ixé, que ligaria o Céu a Terra. Nesse caso, sua principal relação se dá com a iyagbá Oyá, Senhora dos Ventos e dos eguns, que recebe o título de Alakòko, Senhora do Akòko. Constatamos assim dois aspectos importantes dessa árvore: sua ligação com a ancestralidade e com o elemento ar.

Entre os Jeje, recebe o nome de Ahoho (pelos Mahí) e Hunmatin (pelos Mina). O ahoho é um huntingomé/jassú (árvore sagrada) consagrado ao vodún Gun (Togbo) que costuma tê-la como seu principal atín sa. Segundo a tradição Mahí os galhos do Ahoho devem ser levados junto ao corpo, em viagens longas, ou que ofereçam algum tipo de risco. Durante a execução de obrigações difíceis também. Essa medida teria como finalidade atrair a proteção de Togbô, que é um guerreiro terrível e que sempre luta pelos seus filhos.

Dizem os antigos que esse ewé está ligado ao final do ciclo da iniciação, quando uma nova etapa na vida do iniciado começará. Por isso é uma folha muito empregada durante cerimônias de festejo dos sete anos (Odu Ige) de iniciado, principalmente quando ocorre entrega de oye (cargo). Segundo alguns, nenhum rei é considerado rei se não tiver levado no seu ori a folha do akòko.

Quem quiser plantar o akóko não precisa de muito espaço, pois o seu tronco não é muito grosso, porém o seu porte é majestoso, fica bem alta. Suas flores também são bem bonitas, lembram bastante a de um ipê rosa, pois pertence a mesma família botânica (Bignoniaceae). Só cuidado, pois eu já vi gente vendendo akosí (Polyscias guilfoylei) como se fosse akòko. Salve o novo Rei! Árvore forte e imponente, esse é o akoko. Vamos cantar para ele:

Ewé ófé gbogbo akoko
Ewé ofé gbogbo akoko
Awá li li awá oro
Ewé ofé gbogbo akoko

Akoko,é a folha de todas as pessoas inteligentes
Akoko é a folhas de todas as pessoas inteligentes
Nós temos , nós somos, riquezas e saúde
Akoko é a folha de todas as pessoas inteligentes

“Ewé njé Oògún njé Oògún tikò jé Ewé re í kò pé”
“As folhas funcionam. Os remédios funcionam. Remédio que não funciona é que tem folha faltando"

sexta-feira, 6 de março de 2020

Ewé Rinrin – A folha de valor



A alfavaquinha-de-cobra, conhecida na Bahia e Rio de Janeiro, é uma erva de origem africana que disseminou-se por todo o Brasil.Prolifera em lugares úmidos, sendo encontrada com facilidade em pedreiras, jardins, florestas sombreadas e mesmo em terrenos abandonados e beiras de calçadas.
Conhecida entre os erveiros pelo nome de orirí ou orirí-de-oxum, é fundamental nos rituais de iniciações e obrigações periódicas que ocorrem nos candomblés jejê-ketu, entrando no àgbo de todos os Orixás.
Nome popular: Alfavaquinha de cobra, Orirí.
Nome Científico: Peperomia pellucida (L.)Kunth., Piperaceae
Orixás: Oxalá, Oxum e Orí
Elementos: Água/feminino- Fria
Verger (1992:30,31), citando um mito de Ifá, relata que: “Igbádù é a casa de Odú. Não se pode entrar na casa e olhar o interior, se não se esfregar antes os olhos com água de calma, composta de folha de òdúndún, tètè e rínrín, de limo da costa (karitê) e de água (contida no casco) de um caracol.
Todo babalaô que vai fazer o culto de Orumilá na floresta deve antes adorar Odù, sua esposa no Igbádù se não Orumilá não ouvirá seus pedidos e não saberá que este babalaô é seu filho”.
É interessante notar a relação que essa erva tem com os olhos, seja no plano litúrgico, seja no fitoterápico. No plano litúrgico, ela pertence também a Oxum, que, na qualidade de Opará, é sincretizada com Santa Luzia, sendo ambas protetoras dos olhos. Na medicina popular, as pessoas do interior usam o sumo extraído do caule desse vegetal para combater irritações e inflamações oculares.
Korin Ewé:

  Rinrin àtòrì ó
  Ó rinrin àtòrì
  Ba iyin se ìrùnmalé
  Ba iy isà ba ba’ri ba’ro
  Bá ísà ba Bàbá k’Òrun
  Atá kò ro oju àlà fori kan
  Ó rinrin àtòrì Bàbá pèsún.

Pesquisa Livros: Ewé – José Flávio P, de Barros e Hugo Napoleão; Ewé -Pierre Verger
Acervo cultural: Ilé Àse Òsòlúfón Íwìn e  Bàbá Fernando D'Òsògìyán.


quinta-feira, 5 de março de 2020

Banho de Orégano




Outra erva maravilhosa para fazer um banho é o orégano! Ele vai trabalhar esse coração magoado, que não consegue superar algo do passado, que não consegue se aceitar. Essa plantinha cheirosa dá um banho sensacional para quem quer ficar de bem consigo mesmo, se perdoar, se cobrar menos. Dá essa força na autoestima, na autovalorização. Nos ajuda a conseguir largar as cargas que não são nossas, mas que insistimos em carregar.

Para quem não sabe fazer banho mágico, é simples: põe pelo menos 1 Litro de água pra ferver. Quando começar a subir a fervura, desliga. Coloca uns 3 ramos de orégano fresco ou umas 3 colheres (sopa) se for seco. Desliga o fogo. Abafa. Espera amornar.

Coe (joga os restos na natureza) e tome o banho mágico depois do seu banho higiênico. Eu gosto de derramar a água de cabeça e tudo, tem gente que não gosta. 

7 Benefícios do Orégano para a saúde
O orégano é uma erva aromática muito utilizada como tempero na cozinha, especialmente de massas, saladas e molhos, e que traz benefícios para a saúde como ser antioxidante e anti-inflamatório, ajudando a prevenir e combater doenças.

Assim, utilizar regularmente o orégano na culinária caseira traz os seguintes benefícios para a saúde:

1-Reduzir a inflamação, por conter a substância carvacrol, ajudando no processo de emagrecimento e recuperação de doenças;

2-Prevenir doenças cardiovasculares e placas de ateroma, por conter vitamina A, um poderoso antioxidante;

3-Fortalecer o sistema imunológico, por ser rico em betacaroteno;

4-Combater fungos e bactérias que causam infecções como gripes e resfriados, por conter carvacrol e timol;

5-Estimular a digestão e combater o colesterol, por ser rico em fibras;

6-Combater micoses de unha, por atuar como antifúngico;

7-Reduzir a tosse e as cólicas, por ser rico em polifenóis com propriedades anti-inflamatórias.

Além disso, o orégano ajuda a preservar os alimentos por mais tempo, pois tem ação de combater e controlar o desenvolvimento de micro-organismos que estragam a comida.

Crédito Babalorisá Crioulo de Nanã

quarta-feira, 4 de março de 2020

EWÉ AMÚNIMÚYÊ





Uso nos terreiros:
Tem por finalidade tirar a consciência do iniciado quando em
transe. Pode ser utilizada para todos os orixás, no agbo ou ingerida
durante o processo de iniciação.
Pertence ao compartimento Ar. É uma folha masculina e eró.
Uso em Ifá:
Na África a espécie utilizada é o Senecio abyssinicus Sch. Bip.,
Compositae (Verger 1995:718), que foi substituida no Brasil pela
espécie Centratherum punctatum Cass., Asteraceae (Compositae),
originária da América, ambas conhecidas como balainho-de-velho.
Do odu Òfún ìwòrì em “trabalho para ter boa caça” (Verger
1995:335)
Do odu Èjìogbè em “trabalho para ser obedecido” (Verger
1995:355)
Do Odu Ìrù ekùn como “proteção para prender um louco” (Verger
1995:441)
Nomes populares: Balainho-de-velho, perpétua-roxa, perpétua-do-
mato
Nome latino: Centratherum punctatum Cass., Asteraceae
(Compositae),

EWÉ Ajífàbíàlá




Uso nos terreiros:
Utilizada no agbo e em banhos para melhorar a sorte e as finanças, para lavar o jogo e os
objetos rituais dos orixás, porém, são poucos os terreiros que conhecem as utilidades deste
vegetal.
Uso em Ifá:
Do odú Ogbè ìrètè em “trabalho para conseguir muita riqueza” (Verger 1995:356-357)
Ajífà bi àlá yóò fa rere temi wá fún mi
Ajífàbíàlá diz que vai arrastar a minha fortuna para mim.

Nome popular: Campainha


Nome latino: Ipomoea cairica (L.) Sweet. Convolvulaceae.

EWÉ ÀGÓGO IGÚN




Uso nos terreiros:
Planta utilizada para Xangô, Oxosi e Obaluaiyé, conhecida nos terreiros pelo nome de ewé
ogbe àkùko que significa “folha crista de galo”. Tem a função de proteger e defender contra
feitiços, mas, também, atrai prosperidade.
As folhas entram no àgbo e em banhos de purificação dos iniciados e banhos para afastar
negativismos.
Na “santeria”, em Cuba, este vegetal tem o nome lucumi aguéyí sendo usado para Obàtálá e
a Oxun.
Ligado ao elemento Fogo, suas folhas possuem caracteristicas gún.
Uso em Ifá:
Do odu Osá òfún em “trabalho para tomar alguma coisa de alguém” (Verger 1995:411)
Do odu Owonrín ìretè em “trabalho para fazer alguém cair num poço” (Verger 1995:427)
Ofó do Odú Ìwòrìbogbè (ìwòrì ogbè) – Para mandar o mal de volta. (Verger 1967:16 -17)
Bi’kú bá ri mi
K’ikú o má lè pa mi
Bi agógó igún bá so
A si se ’nu kóròlò s’odì
Se a morte olhar para mim
Que não seja capaz de me matar
Quando o bico do abutre colhe o fruto
Sua boca volta-se para o outro lado
O nome agógó igún significa bico de abutre.
Conforme os mitos foi usado por Orunmilá, juntamente com outras folhas para acalmar a
cólera das ìyámi.
Outros nomes yorùbá: àgógo igún, ògún, ogbe àkùkö, àkùkö dúdú, àkùkö funfun (Verger
1995:677).
Nomes populares: Crista-de-galo, heliotrópio, borragem, erva-de-são-fiacre.
Nome latino: Heliotropium indicum L., Borraginaceae

EWÉ ÀGBÀDÓ




Uso nos terreiros:
Àgbàdó funfun = Milho Branco para Òxàlá e todos os outros orixás.
Àgbàdó pupa = Milho amarelo para Èxù, Ògún, Oxoosi, Lògún Ede e Öbà.
Àgbàdó kékeré = Milho alho, para Obaluaiyé, Nàná e Oxún.
Espigas de milho para Oxoosi e Xàngó.
As folhas são usadas em omi-eró de prosperidade e para lavar Èxù.
A água do milho branco cozido é utilizada em banho calmante.
Os grãos são utilizados nos terreiros, no preparo de varias iguarias que são
ofertadas aos òrìxà, tais como: Ègbo, ègboyá, axoxo, àdun, guguru, akasá
branco, akasá de leite, egidi (akasá de milho amarelo), ekó etc.
Vegetal gún, utilizado para atrair prosperidade e boa sorte.
Uso em Ifá
“As folhas (ewe àgbàdo) são usadas em um trabalho para trazer boa sorte (àwúre
oríre) que se classifica no odú ìwòrì òfún, também chamado ìwòrì àgbàdo” e em
“trabalho para se obter favores das feiticeiras” (Verger 1995:41/42). Do odu
Èjìogbè em “receita para tratar vômito e diarréia” (Verger 1995:185).
“A espiga de milho inteira, odidi àgbàdo, é usada em uma receita para ajudar a
mulher a ter um bom parto (awebí) classificada no odu que trata do nascimento
de crianças, (...) ogbè òtúrúpon ou ogbè tún omo pon” (Verger 1995:43)
“O sabugo do milho (pòpórò àgbàdo) é usado em trabalho para sair vitorioso de
uma luta (ìsegun ìjàkadi), classificado no odù ose méjì ou ose oníjà, “ose-que-
gosta-de-briga” (Verger
1995:43,351)

“A palha (háríhá) que envolve a espiga de milho é usada em uma receita para
ajudar a mulher grávida a sentir o corpo leve (...), classificada no odu ogbè òtúrá
ou ogbè aláso funfun, “ogbè-dono-da-roupa-branca” (Verger 1995:44,277)
O cabelo-de-milho é utilizado em “trabalho para conseguir proteção contra Exu”
do odu Ose òtúrá (Verger 1995:295).
“... os grãos de milho torrados (àgbàdo súnsun) são usados em trabalhos para
fazer um processo judicial cair no esquecimento (àwúre aforàn ou ìdáàbòbò
l’owo ejo) pertencendo ao odu ogbè òtùrá ou ogbè kòléjó, “ogbè-não-tem-
processo-na-justiça”.” (Verger 1995:44-45, 341), e em “receita para tratar
inchaço da barriga” do odu Ose ìká (Verger 1995:193).
Do odu Ose òtúrá consta um curioso “trabalho para juntar novamente partes
cortadas de um corpo” (Verger 1995:385)
Ofo ti nmu ní se oríre (Para ter boa sorte) do odu Ìwòrì wòfún (ìwòrì òfún),
Kini àgbàdo á mú bó? Igba omo.
Kini àgbàdo á mú bó? Igba asó.
Orí’re ni ti àgbàdo.
Àgbàdo rin hòhò l’óko.
O kó ‘re bó wá ‘lé.
Orí’re ni ti àgbàdo
O que o milho está trazendo de volta? Duzentas crianças.
O que o milho está trazendo de volta? Duzentas roupas.
O milho traz boa sorte.
O milho vai para o campo.
E retorna para casa com boa sorte.
O milho traz boa sorte
Outros nomes yorubá: Ìgbàdo, okà, yangan, erinigbado, erinkà, eginrin àgbado,
elépèè, ìjèéré (Verger 1995:737).
Nome popular: Milho, milho branco, milho vermelho, milho alho
Nome latino: Zea mays L., Gramineae

EWÉ ÀBÁMODÁ




ÀBÁMODÁ
Uso nos terreiros:
Àgbo, banhos e trabalhos para adquirir prosperidade, sacralização dos
objetos
rituais dos orixás, lavagem dos búzios utilizados nos jogos divinatórios e
para assentar Èxù de mercado.
Folha eró (calmante) usada para todos os orixás pois, serve para que um
desejo seja realizado, atrai prosperidade e dinheiro.
Com o nome de erú odúndún “escravo de odúndún” torna-se substituta
eventual da folha odúndún Saião (Kalanchoe brasiliensis Camb.)
Segundo Verger (1967:10), àbámodá significa “Eu faço uma proposta”.
Todavia, Dalziel (1948:28) traduz como “o que você deseja, você faz”, e
Barros (1993/108) como “milagre eu faço”.
Uso em Ifá:
Do odu Èjìogbè em “receita para tratar doença que causa bolhas e
tremores no corpo” (Verger 1995:149) e “trabalho para ter a pele sempre
boa” (Verger 1995:365).

Do odú Òsé òwónrín em “receita de calmante” (Verger 1995:251)
Ofó do odu Èjìogbè (Verger 1967:10-11) em trabalhos para se obter
dinheiro e prosperidade.
Àbámodá àbá mi kò se àìse
Àbá ti alágemo bá dá,
L’òrìsà Okè ngbà
Mo dá àbá owo
Àbámodá minha aspiração é de ser perfeito
Òrìsà Okè aceite as aspirações do camaleão
Eu desejo dinheiro
Outros nomes yorubá: kantíkantí, kóropon e erú òdúndún. (Verger
1995:641)
Nome popular: Folha-da-fortuna, fortuna, milagre-de-são-joaquim,
Nome latino: Bryophyllum pinnatum (Lam.) Oken., Crassulaceae
Origem: Ásia tropical.

ABÀFÉ



ABÀFÉ 
Uso nos terreiros:
No àgbo, banhos, sacudimento e trabalhos diversos.
Folha usada para Yemanjá (de flor branca) e para Oya (de flor rosa) 
Seu nome significa “Pequeno chapéu” (Verger 1967:10).
Uso em Ifá:
Do odu Òfún ìwòrì em “trabalho para ter boa caça” (Verger 1995:335)
Do odu Òfún méjì em “trabalho para dominar alguém” (Verger 1995:345)
Do odú Okànràn méjì em “trabalho para prender um louco” (Verger 1995:383).
Do odu Osé ogbè em “proteção contra picada de cobra” (Verger 1995:447)
Do odu Okànràn ìwòrì em “proteção contra animais selvagens” (Verger 1995:449)
Ofó do odu Ìkáwòrì (Ìká Ìwòrì) (Verger 1967:10-11) em trabalho para confundir a mente de
um inimigo e torna-lo incapaz de raciocinar.